domingo, 3 de julho de 2011

Vagueando
Vadiando pelo ar
Perdida nesse chão de estrelas
Nesse céu de mar
Vagueando
Vadiando sem pensar
Nas contorcidas ruas da cidade
Sem gosto, sem vontade, sem amar
Sem sonhos para navegar
Sem olhos ou olhares para desvendar
Vagueando
Vadiando por aqui ou lá
Sem medo da escuridão
Sem dores de solidão
Vagueando, vadiando a buscar...
Valeu o que de qualquer maneira pode ser

Valeu o que não choramos
E tudo o que sorrimos mesmo sem saber

Valeu ter vivido um sonho
Dentro de um sonho inesperado

Valeu ter brincado de ser feliz
E ter sido, mesmo que de brincadeira
A extrema felicidade momentânea

Valeu o ideal que não partilhamos
E a emoção que bateu forte
Mesmo que na ilusão

Valeu o romantismo de ver os peixes no lago
O namoro na praça
E a rosa que guardei num livro de poemas

Valeu a liberdade que tive de me sentir feliz
E a estranha afinidade que sutilmente me atraiu

Valeu o beijo repentino
A dança no meio da rua
O confete e a serpentina que não jogamos

Valeu a esperança de ser algo mais do que se foi

Valeu a sincronia de gestos
A sensação fantástica que nunca mais provei
A brincadeira na chuva
E a conversa no banco do jardim

Valeu o encontro que o destino cuidou de arranjar
O mistério e a sensação suprema de leveza que ele proporcionou

Valeu a vontade
Que não se fez realidade
E a formalidade do reencontro

Valeu a despedida que não houve
E a saudade de nunca ter sabido como foi que tudo se perdeu

Valeu, enfim, ter sido um pouco você
E assim ter descoberto muito de mim...
Valeu sim...